sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Leilão de “sucatões” cobrirá menos de 1% da dívida da Vasp



Empresa tem 27 aeronaves abandonadas, avaliadas em, no máximo, R$ 50 mil cada uma; dívida trabalhista é de cerca de R$ 1,5 bilhão

A venda das aeronaves da Vasp que estão abandonadas nos aeroportos brasileiros terá um impacto pequeno no bolso dos credores. Sem condições de voar e em péssimo estado de conservação, os 27 aviões da empresa viraram sucata e valem hoje entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, segundo laudo do avaliador judicial. Assim, na melhor das hipóteses, o leilão de todos os equipamentos renderá R$ 1,35 milhão.


O valor é pequeno se comparado à dívida da companhia aérea falida. Na época da falência, em 2008, o passivo foi estimado em R$ 3,5 bilhões. Até hoje, a questão está na Justiça e ninguém recebeu um tostão. Cerca de 8.000 ex-funcionários entraram na Justiça para tentar receber sua parte de uma dívida trabalhista estimada em R$ 1,5 bilhão, de acordo com Vera Salgado, presidente da Associação dos Ex-empregados da Vasp. 



As aeronaves da Vasp estão paradas em dez aeroportos brasileiros desde 2005, quando a companhia interrompeu os voos. Uma perícia feita em 2006 pelo escritório Jharbas Barsanti avaliava os aviões da empresa em R$ 16,8 milhões. De lá para cá, uma batalha na Justiça impediu que os equipamentos fossem vendidos. A falência da companhia foi decretada em setembro de 2008. 


Falta de espaço nos aeroportos

A realização da Copa e da Olimpíada no Brasil deu à reforma dos aeroportos um caráter de urgência no Brasil. E a remoção dos chamados aviões-sucatas se tornou um pré-requisito para a realização das obras e o melhor aproveitamento da infraestrutura aeroportuária.


Hoje, existem 118 aeronaves paradas – de empresas falidas, particulares e até um modelo da Funai, de acordo com um levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em fevereiro deste ano, o CNJ lançou o programa Espaço Livre, que visa viabilizar a retirada das aeronaves paradas dos aeroportos brasileiros.


 A primeira remoção será na próxima terça-feira, no aeroporto de Congonhas. Há nove aeronaves da Vasp no local, mas só há autorização judicial para remover parte da frota. O número exato ainda não foi confirmado.
“A ação é benvinda, mas chegou tarde”, diz a ex-funcionária Vera Salgado. Para ela, se a iniciativa tivesse ocorrido anos antes, os credores poderiam conseguir valores maiores com o leilão. “Essas aeronaves estavam em operação quando a Vasp parou de voar. Agora, foram depenadas e só restou a sucata”, diz.

Além das aeronaves, os credores tentam confiscar outros bens do empresário Wagner Canhedo, dono da Vasp. A fazenda Piratininga, em Goiás, foi vendida por R$ 310 milhões em dezembro do ano passado, mas o empresário tenta recuperar o bem. A questão ainda está na Justiça.

Veja o número de aeronaves paradas por aeroporto

Aeroporto /Quantidade

Manaus 19
Porto Alegre 11
São Paulo (Congonhas) 10
Rio de Janeiro (Santos Dumont) 10
Rio de Janeiro (Galeão) 10
Brasília 10
São Paulo (Guarulhos) 8
Boa Vista 8
Campinas (Viracopos) 7
Salvador 4
Fortaleza 3
São Luís 2
Recife 2
Belém (Internacional) 1
Belém (Julio Cesar) 1
Belo Horizonte (Pampulha) 1
Belo Horizonte (Confins) 1
Campo Grande 1
Cuiabá 1
Curitiba 1
Foz do Iguaçu 1
Goiânia 1
Santarém 1
São José dos Campos 1
São Paulo (Campo de Marte) 1
Tefé 1
Uberlândia 1
Total 118


Fonte: Portal iG / Marina Gazzoni, iG São Paulo

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